quinta-feira, 29 de março de 2012

Informações sobre a área de Pesquisa Clínica

Oi pessoal,

Ando recebendo e-mails de pessoas que não trabalham com Pesquisa Clínica mas têm muito interesse em ingressar nesta área. Normalmente, as pessoas colocam monitor de pesquisa clínica do Google e acabam por parar neste blog. Não faço idéia se isso é bom ou ruim, pois quando escrevo penso nas pessoas que já são da área, não acho o blog muito informativo.
Mas hoje, especialmente para você que me encontrou pelo Google, resolvi fazer um post informativo caso esta seja sua situação no momento. Não sou uma mestre em Pesquisa Clínica, se vocês realmente se interessam, procurem cursos na área, mas vou tentar explicar de uma maneira BEM simplificada.

O que é Pesquisa Clínica?
Um "remédio" para ser comercializado precisa mostrar para as autoridades regulatórias (no Brasil temos a ANVISA, nos EUA temos o FDA)que realmente funciona, e isso somente não basta! É preciso mostrar que este remédio é ainda melhor ou tão bom quanto o que já temos disponível no mercado. Não adianta lançar algo pra dor de cabeça que não seja melhor do que a aspirina que não vai rolar, sacou?
Para comprovar a eficácia e segurança deste novo "remedinho" são feitos estudos clínicos. Depois de testes pré-clínicos com animais inicia-se a Pesquisa Clínica! Oba! Nesta fase o "remédio", ainda em teste, é dado às pessoas com ou sem a doença para ver se funciona mesmo.
Pode parecer estranho, mas é tudo muito bem regulamentado da forma mais segura e ética possível para o paciente, o qual chamamos de sujeito de pesquisa.
A indústria que quer aprovar o "remédio" escreve um protocolo de estudo e convida médicos a participarem deste protocolo. Estes médicos, chamados de PI (Principal Investigator), caso aceitem participar do estudo recrutando os pacientes de seu hospital, devem comprovar que são qualificados, têm uma equipe de trabalho qualificada e estrutura para tratar o sujeito de pesquisa de acordo com o protocolo, com as leis locais e com o GCP (Good Clinical Practice).
Além deste acordo da indústria com o médico, é preciso que o protocolo receba aprovação da ANVISA antes do estudo começar e também é preciso conseguir aprovações éticas dos Comitês de Ética de cada hospital. Se é um estudo que envolve capital ($$$, din-din) estrangeiro e algumas outras situações especiais, é preciso também receber aprovação da CONEP (Comitê Nacional de Ética em Pesquisa), um comitê central que analisa todos os projetos que serão feitos no Brasil com capital estrangeiro. Já imaginou que é isso o que mais demora, né? Pois é... o Brasil teria muito mais oportunidades de emprego na área se não fosse esta demora em aprovar os protocolos. Mas, ok, deixamos isso pra outro post informativo no futuro.
Com todas as aprovações ok, podemos começar o estudo e o médico pode começar a recrutar pacientes para o estudo!
Aí que começa o trabalho mais legal do monitor de pesquisa: as visitas de monitoria! A função do monitor, nada mais é do que, ir até o centro de pesquisa e verificar se o médico está mesmo recrutando pacientes e se ele está seguindo o protocolo. Tudo isso, o monitor verifica através do prontuário, isso mesmo, o monitor passa dias e dias lendo prontuários e verificando se a equipe do hospital está fazendo tudo certinho, como manda o figurino! É praticamente um auditor e a qualidade da informação e segurança do sujeito de pesquisa são suas prioridades! detalhe: não trabalhamos de jaleco e nem em bancadas de laboratório como as pessoas imaginam.
Claro que existe muito mais coisas, mas vamos simplificar e parar por aqui.

Outras perguntas que recebi:
Como eu posso entrar nesta área de Pesquisa Clínica?
Resp: Ser da área de saúde ajuda bastante, principalmente se você quer ser monitor. Cursos na área são uma boa maneira para conhecer melhor e para entrar em contato com pessoas da pesquisa. Existem cursos em São Paulo (por favor, google neles): CEPIC, Invitare, UNIFESP, SBMF... Todos muito bem recomendados!
Além do curso em Pesquisa Clínica (que não é mandatório, mas pode ajudar a quem tem interesse em ingressar na área) é muito importante ter domínio do inglês. Se o seu inglês está no nível do the book is on the table... corre pra escola de inglês primeiro, este é um quesito fundamental. Não que você precise ter um nível de inglês super, ultra, mega fluente, mas não dá pra não saber nada também.
Existem também encontros de Pesquisa Clínica que são uma boa maneira de tentar conhecer pessoas que trabalhem na área, e conhecendo as pessoas, fica mais fácil em conseguir aplicar para uma vaga.

Tem estágio nesta área?
Sim, além de estágio na indústria farmacêutica você deve procurar estágio em CROs (Clinical Research Organizations) que são empresas que só fazem pesquisa clínica! A CRO é uma prestadora de serviços para a indústria farmacêutica que prefere terceirizar a mão de obra de pesquisa clínica. Algumas CROs (google nelas também): PPD, Quintiles, RPS, Covance, Icon, Parexel, i3, PRA, Intrials, Eurotrials. Esqueci alguma?
Caso você já tenha terminado a faculdade e não consiga mais ser estagiário, existem posições de assistente de pesquisa, que é uma forma de começar e ser inserido na área.

Como foi sua trajetória profissional?
A pesquisa clínica começou no Brasil bem devagar e de repente deu um boom e precisou contratar muita gente. Muita gente que está na pesquisa agora, talvez até a maioria, quando entrou não sabia nem o que era CONEP. Mas hoje a história é outra, já existe muita gente trabalhando na área e para ficar você tem que se qualificar e trabalhar bastante. As pessoas que há alguns anos atrás não sabiam nada tiveram que se especializar muito e hoje se ainda estão na área, é porque deram seu melhor e trabalharam muito!
Não posso contar minha trajetória ainda, pois isso será assunto para outro post, ok?

Espero ter ajudado! Dúvidas? vidademonitor@gmail.com